“Mas um dos seus discípulos,
Judas Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção: ‘Por que este perfume não foi vendido, e o
dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários’. Ele não falou isso por se
interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de
dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado. Respondeu Jesus: ‘Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu
sepultamento. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem
sempre terão’”. João 12.4-8NVI
Fico observando o quanto o tema dos “pobres” hoje em dia está em
discussão. Em todos os meios sociais que frequento o tema do cuidado com os
necessitados é a pauta do dia. Alegamos que durante muito tempo a igreja só se
preocupou com o estado espiritual do ser humano e que o cuidado social ficou
para trás. Apesar de considerar isso uma “meia verdade” não desejo falar sobre
isso agora, mas sim o que muitas vezes está por trás dessa horda de defensores
dos fracos e oprimidos.
O texto mostra aqui que um homem critica uma mulher por uma
extravagância financeira ao derramar perfume sobre os pés de Jesus. Ele
demonstra que era um absurdo, um despropósito, um desserviço ao ensino do
Mestre derramar um perfume tão caro nos pés de Jesus, e usa os pobres como
pretexto. Ele não demonstrou seu verdadeiro motivo, mas se arvorou em ideais
nobres, como defender os fracos, para camuflar-se diante da sociedade.
Sempre haverá aqueles que “defenderão” os pobres para camuflar seu
coração perverso e egoísta. Os necessitados serão sempre “moeda de troca” para
muitos enganadores. Muitos “defenderão” os pobres para se perpetuarem na
riqueza e no poder, outros os “defenderão” para escaparem do julgamento de
terceiros, e haverá ainda outros que gritarão para defender o necessitado, mas
que, na verdade, ocultam sua verdadeira face rapinante de espoliar o próximo a
que tanto defende assim como Judas.
Devemos ver essa questão sempre com os olhos de Jesus. Ele não
enxergava que a verdadeira pobreza era simplesmente social. Certa vez ele disse
que a riqueza do homem não consiste em sua abundância de bens (Lc 12.8). A
verdadeira pobreza está na alma e foi para isso que Cristo morreu, para nos
tornar ricos. E uma vez ricos de alma podemos todas as coisas ainda que falte
pão. Os ricos de alma estão prontos para repartir, os pobres de alma estão
sempre prontos para ofender...
Pr.
Alonso Júnior
Primeira
Igreja Batista em Travessão da Barra