“...[O]
governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro,
Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.” Isaías 9.6
Quem,
ou o quê governa a sua vida? Podemos perceber que muitas pessoas permitem serem
governadas por tiranias das mais diversas formas. Algumas são governadas por um
relacionamento pernicioso, ou seja, vivem confinadas a uma pessoa que faz mal
ao seu crescimento pessoal, mas nem se dão conta disso; elas vivem
inconscientemente tiranizadas pela influência dominadora que aniquila a
possibilidade de viver, crescer e de vivenciar novos horizontes existenciais.
Outras
pessoas são governadas por coisas. Elas vivem presas a um consumo desenfreado
como se a existência se limitasse no mero comprar e usufruir objetos e fazem
tudo para ter mais e mais mesmo que, com isso, passe por cima de qualquer um
que tente atrapalhar. O anseio por ter e possuir pode ser um senhor muito
cruel.
Podemos
ainda ver que existem aqueles que não exageradamente dominados pelos seus
sonhos. Vivem fantasiando realidades que não existem, ou ainda, vivem em função
dos seus sonhos sem se esforçarem para conquistá-los. Existem pessoas que
projetam sempre, mas nunca realizam. Ou por não se esforçarem o suficiente, ou
por simplesmente estarem presas às suas próprias paixões e desejos.
Quero
refletir, porém, sobre a natureza governo de Cristo expresso no verso acima, profetizado
pelo profeta Isaías. Primeiramente é importante salientar que partimos do
pressuposto da realidade desse governo. Ele é real! O governo de Cristo não é
simplesmente uma abstração, uma utopia, um mero discurso religioso, mas sim,
algo que nasce no coração daquele que crê e se mostra em ações. O governo de
Cristo não está condicionado à nomenclatura religiosa, mas se manifesta a indivíduos
que creem e são transformados para agirem e viverem sob esse governo.
O
governo de Cristo tem suas características próprias. Por nascer no interior do
indivíduo e ser evidenciado por ações externas, as pessoas glorificam a Deus por
meio da vida do governado. Suas palavras e ações expressam Deus e por isso será
chamado de Maravilhoso Conselheiro. A condução sábia da vida vai expressar
nossa identidade no Reino e a presença de Cristo será sentida no modo como
enxergamos a vida e o mundo.
O
governo de Cristo nos faz forte. Ele é o Deus forte! Não uma força que esmaga,
mas uma força que suporta e levanta. Essa força faz ter esperança em meio às
lutas e perseguições. O governado por Cristo sabe que no mundo terá aflição,
perseguição e afronta pelo simples fato de tentar seguir a esse governo com
integridade. Ele sabe que nesse mundo existem vários “reinos” que dominam o
coração das pessoas, e que quando esses reinos contrastam com os valores do
governo de Cristo, os conflitos serão inevitáveis. Mas a força que traz suporte
mostrará o poder de Deus na vida do indivíduo levando seus próprios inimigos a
reconhecer nessa força sua natureza sobrenatural.
O
governo de Cristo também produz o sentimento de acolhimento e pertencimento.
Todos nós desejamos ter esse sentimento e não existe melhor acolhimento do que
o de uma família saudável e feliz, e Deus é o Pai dessa família. Os governados
por Cristo reproduzem essa ação no mundo de maneira perene, de modo que os que
estão próximos desfrutam dessa ação do Pai da Eternidade por meio da vida e
ações daqueles que se tornaram seus filhos por adoção.
Por
último, o governo de Cristo produz paz. Não uma forçosa paz, não uma paz pela
intimidação, não uma paz como as que são promovidas pelos governos desse mundo,
mas uma paz individual que excede todo o nosso entendimento. Os governados por
Cristo vivem e expressam essa paz e, assim, são pacificadores onde estão. Não é
sem razão que Jesus afirmou que os pacificadores serão chamados filhos de Deus.
Quem se submete a esse governo é um agente da paz.
Todos
os elementos elencados acima acerca da natureza do governo de Cristo e as
implicações suas implicações expressam ainda um último ponto que desejo destacar.
O governo de Cristo é um governo de liberdade. Em última análise, o governado
não está subordinado a nada que o vicie ou o aprisione. Nem os falsos amigos ou
conselheiros, nem dores ou angústias, nem a falta de pertencimento ou até
mesmo a falta de paz. O governado por Cristo é livre em suas ações e age por
meio dessa liberdade. Não é sem razão que o próprio Jesus revelou “Se, pois, o
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
Pr. Alonso Colares Júnior