terça-feira, 18 de março de 2025

 

No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:Assim fala o Senhor dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada. Ageu 1.1-2

Os livros dos profetas menores contêm preciosas lições para a nossa vida. Seus ensinamentos, por mais distantes que possam parecer com o tempo em que vivemos, são mais atuais do que imaginamos e podemos aprender muito sobre o nosso relacionamento com Deus e sobre praticar a justiça em nossas relações com as outras pessoas. O livro também nos ensina sobre o quão próximo estão os resultados positivos sobre os nossos empreendimentos quando valorizamos e priorizamos as coisas espirituais e eternas. A propósito, isso está bem evidente neste livro.

Ageu é chamado pelos estudiosos de “profeta do templo.” Ele viveu entre os cativos da Babilônia e voltou para Jerusalém sob a liderança de Neemias, Zorobabel, um descendente do Rei Davi e, portanto, da casa real de Judá, e Josué, o sumo sacerdote naquele tempo. Ele profetizou também no tempo de Esdras, o escriba, e de Neemias, responsável por liderar e edificar os muros de Jerusalém. Seu ministério deve ter acontecido entre os anos 520-530 a.C.

Assim, logo os dois os primeiros versículos destas passagens já nos mostram lições importantes para a nossa reflexão. O texto diz que em um determinado tempo na terra, veio a palavra do Senhor. Essa expressão, típica dos escritos proféticos mostram que Deus nunca deixou de dar testemunho de si mesmo. Naquele tempo específico, houve uma manifestação da parte de Deus que usou como seu instrumento o profeta Ageu. Isso é muito importante, pois mostra que o Senhor se importa com as nossas ações e intenções nesta vida. A teologia chama esse fenômeno de imanência de Deus, pois ainda que ele esteja muito acima da nossa compreensão, ele se importa com a sua criação, com cada um de nós e nos oferece direção por meio da sua Palavra. Ageu, cujo significado do nome é “celebrado”, ou “nascido em um dia de festa”, por sua vez, era o portador do oráculo de Deus para com aquele povo.

Mas a Palavra a ser comunicada ao povo não era muito agradável. Ele teria de ser instrumento de Deus para apontar o pecado e indicar o caminho, também dado por Deus, para a santificação do povo. Isso era uma tarefa difícil, pois as pessoas em geral não gostam muito de serem corrigidas e exortadas. Apesar de a Bíblia ensinar que quando um sábio é corrigido ele agradece e se torna mais sábio, em geral, as pessoas carecem de sabedoria para desejarem crescer. Por esta razão, os escritos proféticos sempre possuem um certo “tom grave”, como são as repreensões em geral. Este é o nosso sentimento diante das exortações do Senhor. Pode-se dizer também que a própria palavra “peso”, usada em Naum, Habacuque e Malaquias também nos indica um sentimento severo.

Não obstante, o verso dois nos informa que havia uma difusão entre os que voltaram de Jerusalém de que ainda não havia chegado o tempo em que a casa do Senhor deveria ser edificada. Essa expressão, em um primeiro momento, poderia ser interpretada como um gesto de grande piedade e paciência do povo, aguardando a manifestação e permissão do Senhor e providenciando os recursos para que eles pudessem, enfim, construir o templo. Assim, esta compreensão corrente entre o povo poderia significar que Deus os legitimava buscar seus próprios fins, mesmo que isso custasse preterir a reconstrução do templo. Mas, como veremos em todo o livro esta expressão nada mais era do que uma falsa justificativa sob o verniz da espiritualidade.

Ora, quantas vezes somos tentados a proferir e viver mentiras com o manto da espiritualidade. O povo tentava justificar o seu desprezo pela obra de Deus, tendo por base o próprio Deus. Que hipocrisia terrível é justificar a própria preguiça e o comodismo espiritual com aquilo que chamamos de tempo de Deus. A propósito, essa expressão também é muitas vezes usada para outros fins escusos, mas o seu propósito verdadeiro está no primeiro versículo, segundo o qual, em seu tempo, Deus interfere na história para exortar, encorajar, julgar e destruir as ações ruins dos homens.

Assim, devemos ter o cuidado de não queremos justificar com desculpas espirituais os nossos pecados. Isso é um tipo de hipocrisia. Alguém poderia realmente achar que o Senhor não desejaria um povo totalmente comprometido com a sua obra? Lembremos quando Davi também votou em seu coração construir um templo. Deus permitiu a sua construção e ainda recompensou a Davi firmando o seu reino, apesar de não ter permitido ao rei que este o construísse, mas sim seu filho. Deus quer que sua obra prospere. Portanto, confessemos o pecado de muitas vezes espiritualizamos as nossas mentiras.   

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