quarta-feira, 19 de março de 2025

 

Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado. Ageu 1.3-6

Nos versículos iniciais do livro do Profeta Ageu, podemos perceber a distinção entre o tempo de Deus e como ele age nesse tempo, encorajando, exortando, consolando, repreendendo. Podemos ver também que Ele nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, de modo que o povo não poderia justificar seus pecados por conta de uma eventual falta de comunicação divina. Ele age no tempo, interferindo nas ações humanas.

Por outro lado, o povo, para justificar a sua falta de compromisso e zelo para com as coisas concernentes aos Senhor, tentava justificar seu pecado por meio de argumentos teológicos: “não é o tempo de Deus para construir esta casa.” Que desculpa perfeita! Não é novo querermos espiritualizar nossos erros e pecados para tentar até enganar a nós mesmos. Aprendemos, assim, com os dois primeiros versos deste livro profético que não devemos espiritualizar ou tentar justificar as nossas falhas e pecados sob o manto da espiritualidade.

Com efeito, a falsa espiritualidade não produz resultado na alma. O pecado sempre traz consequências, mesmo que tentemos achar desculpas para justificá-lo. A verdade é que o povo não tinha contentamento. Este é um efeito típico daqueles que insistem em continuar com as práticas pecaminosas: a falta de contentamento. Elas nunca estão satisfeitas, pois o pecado produz angústia, e a angústia produz ansiedade. O fato deles criarem subterfúgios para tentar aplacar a culpa em seus corações não foi suficiente para realmente viverem em paz.

Por sua vez, o profeta Ageu expõe de forma clara o pecado do povo com uma pergunta retórica: Se não é o tempo do cuidado com a casa de Deus, acaso, seria tempo de habitarem em casas luxuosas? Com essa pergunta, o profeta tinha intenções. A primeira delas era mostrar que aquele povo era egocêntrico e não colocava de fato as coisas do Senhor como prioridade na vida, eles não davam a mínima para o capricho com as coisas do Senhor. Em segundo lugar, as prioridades do povo estavam equivocadas. Isto é um grande problema. Quando o Senhor não é a prioridade, certamente a prioridade será equivocada. Ora, alguém poderia alegar que sua casa era bonita para melhor servir a sua família. Por si só, esse argumento não é mau, pois, cuidar da nossa família é algo bom, mas não deve ser maior do que o nosso amor a Deus. A questão era: Por que cuidavam exclusivamente de si mesmos e desprezavam com suas atitudes as coisas do Senhor?

Como podemos perceber no texto, o resultado dessa atitude do coração foi a falta de contentamento em seus corações. Muitas vezes não entendemos o motivo de apesar de termos uma boa família, gostarmos da nossa vida, termos bons amigos e ainda gostarmos da igreja onde congregamos, estamos sempre com uma sensação de que falta alguma coisa. Camuflamos esse sentimento com a expressão “sempre se pode melhorar”, que apesar de ser verdadeira, pode apenas também camuflar uma insatisfação contínua em nosso coração.

Eles depositavam seu contentamento em um saco furado, pois o Senhor não era a fonte do seu contentamento, isso era evidente por conta das atitudes em não dar importância para com as coisas do Senhor. Como veremos, o descaso com término do templo era o resultado da atitude do coração. Com isso, devemos nos perguntar: O que Deus representa verdadeiramente para nós? Estamos realmente dispostos a renunciar tudo, o prazer, o descanso, os bens, as vaidades, pelo Senhor? Uma vida equilibrada consiste em priorizar e descansar em Deus e viver os resultados dessa ação na vida. Para aquele povo, não era o momento de descansar e folgar, mas de lutar e produzir em Deus e para Deus.

Por fim, há uma frase nesta passagem que nos chama à atenção. Essa frase aparece também em outros momentos do livro como que chamando à atenção do povo a refletir: “considerai os vossos caminhos.” Precisamos nos avaliar sinceramente. O que nos motiva a servir ao Senhor? Seria exercer o poder sobre os outros? Seria o desejo se ser sempre lisonjeado? Seria ainda mostrar uma espiritualidade que, apesar de bonita é vazia de sentido? Consideremos também o nosso caminho sobre onde erramos como povo de Deus? Uma igreja nunca acerta somente, mas erra também. Ela pode errar em suas estratégias e em suas motivações equivocadas. Por isso, o apelo do profeta vale para nós também. Consideremos o nosso caminho e consertemos com humildade os equívocos do passado.

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