Assim diz o Senhor dos
Exércitos: Considerai o vosso passado. Subi ao monte, trazei madeira
e edificai a casa; dela me agradarei e serei glorificado, diz o Senhor.
Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes
para casa, eu com um assopro o dissipei. Por quê? — diz o Senhor dos
Exércitos; por causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada
um de vós corre por causa de sua própria casa. Por isso, os céus
sobre vós retêm o seu orvalho, e a terra, os seus frutos. Fiz vir a
seca sobre a terra e sobre os montes; sobre o cereal, sobre o vinho, sobre o
azeite e sobre o que a terra produz, como também sobre os homens, sobre os
animais e sobre todo trabalho das mãos. Ageu 1.7-11
Nesta reflexão sobre o livro do Profeta
Ageu, podemos aprender lições preciosas para a nossa vida. O profeta viveu em
um tempo de grandes mudanças. O povo de Deus, depois de passar 70 anos exilado
na Babilônia, teve a permissão de voltar à sua terra e construir a cidade, os
muros, e seu lugar de adoração. Grandes homens foram convocados por Deus para
esse empreendimento. Zorobabel, Neemias, Esdras e Josué, o Sumo sacerdote, são
os mais conhecidos. Mas como vimos, o tempo passou e todo aquele ânimo e
comprometimento com a missão esfriou no coração do povo. De fato, o teste do
tempo é duro e muitas vezes as pessoas não conseguem perseverar no ânimo em
seus empreendimentos.
Além do mais, com o tempo, outras
prioridades passaram a tomar conta do coração do povo. Aquela pureza de
intenções, tão caracterizadas nos escritos de Neemias e Esdras, se perdeu e o
povo estava muito voltado aos seus próprios interesses particulares. Nesse
estado de coisas, Deus levanta o profeta Ageu para denunciar os pecados do povo
e restaurar a pureza de intenções. Por sua vez, o profeta mostra que a falta de
sucesso do povo em seus empreendimentos estava intimamente ligada à falta de
comprometimento com Deus.
Isto é muito interessante, ainda mais
nesse tempo em que estamos vivendo, pois ouvimos com relativa frequência
através dos assim chamados gurus da produtividade sadia, sobre a importância de
se estar bem espiritualmente e bem consigo mesmo para ser eficiente e eficaz no
trabalho. Certamente, para esses especialistas, o problema da baixa performance
do povo estaria relacionado à falta de uma espiritualidade sadia.
Não obstante, o profeta Ageu vai além. O
fracasso do povo não somente era resultado do afastamento de Deus, mas era
promovido pelo próprio Senhor por conta desse afastamento. Isso nos mostra o
quanto as ações que fazemos na terra estão intimamente ligados àquilo que o céu
determina. Jesus afirmou que o que ligamos na terra, é ligado no céu e o que
desligamos na terra é desligado no céu. Assim, o céu e a terra estão ligados e
nossas ações são resultado da influência do céu.
Por esta razão, o profeta encoraja o
povo a não continuar com a sua atitude indiferente ao céu, mas deveriam
reconhecer o seu erro e começar a mudança de mente. O profeta orienta mais uma
vez ao povo para considerar o seu passado, isto é, considerar que a presença de
Deus sempre foi o motivo do seu sucesso e, com esta convicção em mente, começar
a juntar os materiais para edificar a casa de Deus. Um fato curioso, o templo a
ser reconstruído não era grande e luxuoso como o que séculos antes Salomão
construíra. O empreendimento não era grande, mas era nobre. Aprendamos isso:
Não são as coisas grandes que trazem contentamento, mas, sim, as coisas nobres.
Desse modo, o povo teria de mudar a sua
mente e direcionar sua prioridade nas coisas do Senhor. Diante disso, devemos
considerar o nosso caminho. O quanto temos investido o nosso tempo e recurso na
obra de Deus? Trazei a madeira e edificai a casa, é a ordem do Senhor. O povo
estava usando a madeira para edificar os seus próprios edifícios e, assim,
investindo recurso e tempo em seus interesses egoístas, mas a direção de Deus
por meio do profeta era usar os recursos naquilo que tinha valores eternos.
Quando não investimos nossa vida e
nossos recursos naquilo que tem valor eterno sempre teremos a sensação de
fracasso. Esperaremos muito, mas virá pouco, pois é a bênção do Senhor que
enriquece e não acrescenta dores. Assim, quando o nosso propósito não está
firmado em Deus, acreditamos que a nossa própria força conseguirá o resultado
esperado, mas sempre seremos frustrados. Esperaremos muito, mas virá sempre
pouco, pois as nossas intenções não são puras diante do Senhor.
Aqui cabe uma reflexão. Por que muitas
vezes parece que os nossos empreendimentos e até mesmo naquilo que fazemos para
o Senho não dão muito certo? O que o texto aqui nos indica é que quando nossas
intenções não são puras e nossa prioridade não é agradar ao Senhor o resultado
será sempre abaixo do esperado.